De 1 a 3 de setembro, jornalistas e estudantes de todo país se encontraram no XX Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Enjai), que aconteceu em Fortaleza (CE). Os profissionais paranaenses foram representados pelo SindijorPR por Elaine Felchacka, diretora de assessoria de imprensa, Manoel Ramires, diretor de esporte e lazer, e Leandro Taques, diretor de relação institucional.
Tratando sobre “A credibilidade da informação jornalística
na era da comunicação digital”, o encontro embasou e fortaleceu debates e lutas
que o SindijorPR enfrenta: "O Enjai apontou a necessidade de os sindicatos
enfocarem cada vez mais em assessorias de imprensa, que é onde mais sua base
cresce. Mais do que isso, aumentar e qualificar a luta por pautas do cotidiano
dos jornalistas que são jornada, piso e assédio”, aponta Manoel Ramires.
De acordo com a pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro,
realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com o
Sindicato dos Jornalistas e com a FENAJ, cerca de 40,3% dos profissionais do
país atuam fora da chamada mídia tradicional. Deste total, 39,4% têm carteira
assinada.
“Com essa nova conjuntura que se apresenta em nossa
profissão, de demissões em massa e uma grande migração de profissionais para as
assessorias, é fundamental o debate da defesa dos direitos destes trabalhadores
e trabalhadoras. Os Sindicatos e, principalmente, a FENAJ precisam estar atentos
e garantir estes direitos”, levanta Leandro Taques
O coletivo de diretores ressalta as trocas de experiências
interessantes que tiveram, que apresentaram possibilidades que devem ser
incorporadas na luta dos comunicadores do Paraná. “A realidade dos jornalistas
assessores de imprensa no Paraná e no Brasil exige ações pontuais e emergenciais
para cessar a precarização e a desvalorização dos profissionais. Temos ótimos
exemplos de campanhas que já estão trazendo resultados como a despejotização de
jornalistas assessores”, levanta Elaine Felchacka.
A diretora lembra da experiência compartilhada pelo Distrito
Federal em que empresas estão sendo obrigadas a cumprir jornada de cinco horas:
“Lá já conseguiram avançar nesta discussão e o Enjai nos permite esta troca de
experiência com sindicatos de outros estados para ajudar na construção do nosso
plano de ação no Paraná”, finaliza.
O encontro
Mais de 300 profissionais de jornalismo, estudantes e outras
categorias da comunicação, marcaram presença no encontro. Já na noite de
abertura foi apresentado o desafio para os sindicatos e as demais organizações
de classe de reorganizar e reencantar a categoria.
De acordo com Samira de Castro, presidente do Sindicato dos
Jornalistas do Ceará (Sindjorce), “a nova classe trabalhadora, antecessora à
clássica, não estrutura sua identidade a partir de ideias transformadoras e sim
em uma identificação baseada em medos e expectativas comuns, que conduzem,
inclusive, a agir contra a própria categoria, alvejando conquistas ou a
possibilidade delas”.
Para ela, cabe à FENAJ e aos sindicatos redescobrir a
conexão e voltar a operar de forma exitosa a politização deste grupo: “Só a
luta coletiva vai nos salvar do braço cada vez mais opressor, tirano e
antitrabalhador do patronato do jornalismo brasileiro, seja nas redações ou nas
assessorias”, finalizou.
Entre os convidados do primeiro momento do Encontro, o ciclo
de oficinas, compartilharam experiências nomes como João José Forni, mestre em
comunicação e escritor; que abordou sobre a gestão de crises em assessorias de
imprensa; Mauro Costa, diretor institucional da AD2M Engenharia de Comunicação,
que falou sobre os desafios da assessoria de imprensa para grandes corporações;
José Antonio Martinuzzo, pós-doutor em mídia e cotidiano, ministrando discussão
sobre mídias customizadas e comunicação organizacional na gestão da imagem;
Washington Forte, jornalista especialista em mídias digitais, que apresentou as
ferramentas e estratégias da assessoria de imprensa digital; Alberto Perdigão,
doutor em comunicação e cultura, que abordou Lei de Acesso à informação; e
Francisco Genivando, jornalista formado no primeiro curso de Jornalismo
da Terra, voltado para militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra, que discutiu sobre organizações do terceiro setor e movimentos
sociais.