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24/05/2016

Instituto Declatra finaliza pesquisa sobre os Métodos de Gestão e o Adoecimento dos Trabalhadores

O Instituto de Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) finalizou nesta semana uma nova pesquisa. Trata-se da análise dos métodos de gestão utilizados pelo banco Itú e seus reflexos na saúde dos trabalhadores bancários. A investigação, iniciada em maio do ano passado, segue os mesmos moldes da primeira análise, que resultou no Movimento Vítimas do HSBC. “Infelizmente, os dados científicos mais uma vez confirmam a impressão que temos no dia-a-dia de atendimento aos bancários: os métodos de gestão dos bancos adoecem”, afirma o presidente do Instituto Declatra e advogado, Mauro Auache.


A pesquisa agora será distribuída para a categoria em uma agenda de eventos que precedem a negociação coletiva nacional dos bancários com a Federação Nacional dos Bancos, e também será apresentada na Conferência Estadual dos Bancários, nos dias 25 e 26 de junho.


Os dados serão utilizados para ações políticas e sindicais. “Vamos avaliar, assim como fizemos no caso do HSBC, a possibilidade de ações judiciais como uma tutela inibitória e de remoção do ilícito. O objetivo é que o banco se abstenha de praticar atos e políticas de gestão que possam ferir o direito de personalidade dos trabalhadores ou que levem ao seu adoecimento”, explica um dos coordenadores da pesquisa, o advogado Ricardo Mendonça.


Assim como aconteceu com a pesquisa dos bancários do HSBC, os dados compilados pela equipe de pesquisadores mostra uma diferença alarmante entre o adoecimento dos bancários e demais trabalhadores. “Os afastamentos por transtornos mentais entre os bancários é de 22,2% enquanto nas demais categorias este índice é de 10,1%, ou seja, mais que o dobro”, explica a advogada do Instituto Declatra, Gabriela Caramuru. Outra estatística que está na mesma linha da pesquisa realizada com o HSBC é a vulnerabilidade feminina. Das mulheres 46,4% acusaram problemas de saúde enquanto homens foram 37,4% dos casos.


A análise dos dados do INSS mostrou queem cinco anos 36.698 bancários foram afastados por mais de 15 dias em virtude de doenças relacionadas ao trabalho. Este percentual equivale 10% do total de trabalhadores do setor bancário de todo o Brasil. “São mais de 600 bancários afastados a cada mês”, exemplifica o pesquisador Júlio Gnap.Entre os problemas de saúde mais apontados, em primeiro lugar, o estresse com 20,1%. Na sequência problemas nos ombros, depressão e insônia com 16,9%, 13,9% e 12,4%.


A pesquisa analisou 1.197 homologações de desligamento de trabalhadores do Itaú e 42,2% apontaram problemas de saúde. A maioria deles na agência operacional. Foram 49,3% dos trabalhadores deste setor que apontaram problemas de saúde. "Os trabalhadores deste setor são encarregados de muitas funções, inclusive braçais e normalmente ficam abaixo hierarquicamente, estando mais sujeitos aos problemas de saúde física e mental”, explica a secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Ana Fideli.


No caso dos processos judiciais analisados há pedidos por danos morais em 43,4% deles. “Neste cenário, 97% relataram problemas com métodos de gestão assediosos e 30% relataram problemas de saúde”, explica o pesquisado e advogado Guilherme Uchimura. Entre os principais riscos psicossociais identificados estão longas jornadas e ausência de convívio social, metas abusivas, precariedade nas relações internas de trabalho, falta de pausas e ameaças de demissão.


Bases utilizadas para a pesquisa


A pesquisa conduzida pelo Instituto Declatra em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região envolveu uma equipe multidisciplinar que analisou dados de auxílios-doença concedidos pelo INSS entre 2007 e 2013, homologações de desligamento de trabalhadores do Itaú entre 2008 e 2013 e processos trabalhistas contra o banco realizados em Curitiba entre 2011 e 2015.


“Os resultados, em muitos casos, são semelhantes aos obtidos na pesquisa que envolveu especificamente o HSBC. Isso aponta, novamente, para que os problemas que levam ao adoecimento dos trabalhadores bancários estão concentrados nos métodos de gestão assediosos utilizados pelo banco para majorar sua lucratividade”, explica o pesquisador Guilherme Uchimura.


“Esta pesquisa será extremamente útil. Ela nos mostra, de forma científica, informações que sabíamos pelo atendimento aos bancários no sindicato. Agora, com estes dados em mãos, vamos utilizá-los nas negociações patronais para exigir melhores condições de trabalho para a nossa categoria que cada vez mais adoece trabalhando”, completa a secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Ana Fideli.


Os dados com a pesquisa completa estarão disponíveis no site do Instituto Declatra: www.defesa-trabalhador.com.br/

Autor:Gibran Mendes
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