A data-base da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos jornalistas do Paraná está próxima. É no dia 1º de maio, por isso o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) vêm a público para alertar que os empresários estão, mais uma vez, indicando que vão enrolar os e as jornalistas. E como isso acontece? Com a postergação da renovação da CCT.
No ano passado, por exemplo, os patrões foram os principais responsáveis por arrastar a negociação até o final de novembro e com pedido de que o reajuste nos rendimentos dos jornalistas fosse realizado somente sobre o salário de janeiro deste ano - com perdas admitidas pela categoria em maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2021. Isso sem contar o percentual de reajuste 50% menor do que o inicialmente proposto em mesa de negociação.
Agora, em 2022, os Sindicatos decidiram fazer uma pesquisa para embasar o pedido dos jornalistas aos patrões. Com o resultado em mãos, as entidades que representam a categoria no Paraná encaminharam proposta de reajuste salarial e outras reinvindicações no dia 24 de março aos empresários da comunicação. No documento, solicitou-se o retorno dos patrões em 10 dias, mas o período passou e os donos da mídia seguem dizendo apenas estar analisando a pauta com as propostas da CCT 2022-2023.
Publicamente, empregadores e seus veículos de imprensa querem mostrar que jornalistas são essenciais para a sociedade. O Dia do Jornalista, celebrado em 7 de abril, foi um exemplo claro disso:
"Sem eles a VERDADE não faria parte das nossas VIDAS!" (Band Paraná), "...se arriscam pela apuração dos fatos" (Folha de Londrina), "...fazem histórias na nossa sociedade!" (RPC), "Uma profissão que corre atrás da verdade, passando por momentos de risco..." (Band Maringá), "...exercem essa função na nossa sociedade" (Grupo Tarobá - Londrina), "...o jornalista tem uma função social muito importante: além de informar, promove a reflexão, a crítica e incita debates. Difundindo idéias, fatos e informações com clareza, rapidez e precisão" (Rede Massa), "São as histórias contadas por eles que fazem nossa história" (Grupo RIC), "...colaborando para uma sociedade mais justa, possuindo uma admirável influência sobre todos nós" (Rede Massa).
Os Sindicatos e os jornalistas agradecem as manifestações, mas ao mesmo tempo se preocupam com o silêncio de quem diz se importar com os profissionais. Apesar das justas comemorações, trabalhadores têm ficado apreensivos, principalmente em pleno ano eleitoral. O Governador do Paraná, Ratinho Junior, é pré-candidato à reeleição e também ligado à Rede Massa, de propriedade de sua família. Em 2018, quando concorreu ao Governo pela primeira vez, a Rede Massa, inclusive, adiantou o aumento salarial aos jornalistas da emissora, pouco antes do início da validade da CCT daquele ano – uma afronta à organização coletiva dos trabalhadores.
O Sindijor Norte PR e SindijorPR não desejam que a negociação da CCT se arraste ou até entre em conflito com a janela eleitoral, prejudicando debates importantes provocados no período e que afetam o futuro do Paraná. Além de informar, como bem lembrou a publicação da Rede Massa, jornalistas promovem a reflexão, a crítica e incitam debates. Noticiam, sempre que solicitados, a luta geral por direitos trabalhistas ou de categorias. Só que agora chegou a vez dos jornalistas - que mostraram estar mais unidos do que nunca já no início dos debates em torno da CCT 2022-2023 - brigarem por seus direitos.