As perdas acumuladas pelos jornalistas paranaenses nos últimos anos, agravadas pelo não-reajuste do piso da categoria na data-base, já chegam a 18,84%. A conta inclui os valores do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio e junho deste ano - e o prejuízo vai aumentar quando sair o de julho. As perdas vêm se acumulando desde 2020, quando as empresas impuseram reajuste de apenas metade da inflação acumulada no período da data-base (maio/2019 a abril/2020). Em 2021, os patrões novamente impuseram perdas superiores a cinquenta por cento.
Enquanto os profissionais amargam dificuldades financeiras, 37% das negociações coletivas fechadas em junho no país asseguraram ganho real, ou seja acima da inflação, aos trabalhadores. O dado consta no último boletim De Olho nas Negociações divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese). Segundo o levantamento, no Brasil todo, menos de 26% dos reajustes ficaram abaixo do índice inflacionário.
O acumulado das duas Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs de 2020 e 2021) chegou a 5,3%. Agora, com a escalada da inflação, o acumulado para a CCT de 2022 é de 13,54%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - a porcentagem considera o que antecede a nova data-base (maio/2021 a abril/2022) e dois meses sem reajuste salarial (maio/2022 e junho/2022). O total, somando o acumulado com as perdas dos dois anos anteriores é, portanto, de 18,84%.
Na avaliação por regiões, o Dieese constatou que das 2.056 negociações coletivas encerradas em junho no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 24,1% resultaram em ganho real aos trabalhadores. Ainda com relação aos dados do Sul do país, 51,5% das categorias tiveram reajustes salariais iguais à inflação incidente na data-base, enquanto 24,5% ficaram abaixo do índice inflacionário.
Para realizar a análise, o Dieese usa como referência o INPC, que afere a inflação que atinge famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos, e informações extraídas do sistema Mediador do Ministério do Trabalho e da Previdência.
Pacote de maldades
Enquanto o Dieese demonstra uma ‘melhora’ no panorama das negociações coletivas no país todo, inclusive no Sul, os empresários da Comunicação no Paraná ainda não deram sinal concreto de que estão preocupados com a dignidade dos seus trabalhadores e trabalhadoras.
Sem uma nova proposta patronal, até o momento o que fica é a tentativa de impor aos profissionais um pacote de maldades: com ‘reajuste’ pífio de 4% associado à perda de direitos conquistados pelos jornalistas há décadas. Das redações Estado afora vem ecoando o coro: até quando vai perdurar o desrespeito dos patrões com os trabalhadores do Jornalismo?
Falando nisso, Sindijor PR e Sindijor Norte PR, entidades que representam os jornalistas profissionais do Paraná, já iniciaram visitas às redações para complementar o trabalho de alerta sobre a campanha salarial. É bom que os trabalhadores saibam direitinho o que se passa na cabeça dos empresários que, só em 2021, receberam R$ 128 milhões do Governo Ratinho Junior. E tem mais. O próximo passo é expor que a torneira continuou aberta entre o ano passado e este ano, além de investimentos que também passam dos milhões dos "donos da mídia" no Paraná.
Fica fácil ver o quão injusta é a quase imposição dos 4%, que se seguiu até agora, da boca dos patrões. Salário não é "benefício", é uma troca, onde se vende a força de trabalho e o retorno precisa estar de acordo.
Jornalistas estão sem reajuste salarial neste ano. A data-base da categoria é 1º de maio. A negociação continua.