Jornalistas no Brasil ainda são majoritariamente mulheres (58%), brancas (68,4%), solteiras (53%), com até 40 anos, conforme a pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro 2021, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Apesar dessa realidade, em termos de direitos e condições de trabalho, elas ainda seguem enfrentando desigualdade, preconceito e violência baseada em gênero.
Prova disso é a diferença salarial nos empregos com carteira assinada: a remuneração média nominal recebida pelas mulheres em 2021 foi de R$ 5.575,4, enquanto a dos homens era de R$ 5.914,7. Ou seja, elas recebiam 94,3% da remuneração recebida por eles, segundo pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
Com o objetivo de promover o debate sobre as condições de trabalho deste segmento da categoria, a FENAJ realizará, no dia 9 de novembro deste ano, o 1º Encontro Nacional de Mulheres Jornalistas. O evento, que acontecerá de maneira híbrida, está sendo preparado pela Secretaria de Gênero, Raça e Etnia da Federação, juntamente com a Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas, grupo que reúne representantes indicadas pelos 31 Sindicatos de Jornalistas do país, incluindo o SindijorPR.
A expectativa é reunir cerca de 200 pessoas (metade presencial e metade pela plataforma Zoom), entre jornalistas, comunicadoras, estudantes de Jornalismo/Comunicação Social e demais interessados. A parte presencial acontecerá no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que apoia institucionalmente a iniciativa. O evento conta, ainda, com o apoio do Escritório da Federação Internacional dos Jornalistas na América Latina (FIJ) e da Union to Union (UTU).
“Os números revelam que para avançar na construção de um cenário mais igualitário no jornalismo, é fundamental aprofundar o debate em torno do tema, inclusive com o foco em políticas voltadas especificamente para as mulheres. Além disso, de olho no combate à violência, também é urgente pensar em caminhos para se edificar um ambiente de trabalho seguro e inclusivo, livre de quaisquer tipos de assédio”, afirma Valdice Gomes, secretária de Gênero, Raça e Etnia da entidade.
Para a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, o 1º Encontro de Mulheres marcará um momento de auto organização das profissionais, que deve direcionar a atuação sindical. “Se somos a maioria da categoria, precisamos ter pautas específicas, além de maior participação dentro da estrutura sindical”, afirma a dirigente, que é a terceira mulher a presidir a entidade, ao longo de 77 anos de atuação da FENAJ.
A programação contará com três paineis e uma reunião da Comissão Nacional de Mulheres. Os Sindicatos de Jornalistas deverão indicar uma representante para participar desse segundo momento. As inscrições estão previstas para iniciar em setembro. Serão 100 vagas presenciais e 100 pela plataforma Zoom. Haverá certificado digital.
Para saber mais: acesse aqui o Perfil do Jornalista do Sul.